sábado, 27 de agosto de 2011

LÍBIA, Um conflito de gerações

Saiba um pouco sobre a Líbia
HISTÓRIA DA LÍBIA
Antigo assentamento de povos tão díspares quanto os fenícios, os romanos e os turcos, a Líbia recebeu seu nome dos colonos gregos, no século II antes da era cristã. Fenícios e gregos chegaram ao país no século VII antes de Cristo e estabeleceram colônias e cidades. Os fenícios fixaram-se na Tripolitânia e os gregos na Cirenaica.

Os cartagineses, herdeiros das colônias fenícias, fundaram na Tripolitânia uma província, e no século I antes de Cristo o Império Romano se impôs em toda a região.

No século IV, foi incorporada ao Império Bizantino, continuador do romano, o qual ganhou terreno com o declínio de Roma. Durante pouco mais de três séculos, os berberes almôadas mantiveram o domínio sobre a região tripolitana, enquanto a Cirenaica esteve sob o controle egípcio.

Árabes islamizam a região no século VII, quando se expandem pelo norte da África. Em 1517, o território cai sob domínio do Império Turco-Otomano que unificaram o território e estabeleceram o poder central em Trípoli, situação que se mantém até 1911, quando seu litoral é invadido pela Itália...

Dois séculos mais tarde, o reinado da dinastia Karamanli, que dominou Trípoli durante 120 anos, contribuiu para assentar mais solidamente as regiões de Fezã, Cirenaica e Tripolitânia, e conquistou maior autonomia.

Em 1835, o império otomano restabeleceu o controle sobre a Líbia, embora a confraria muçulmana dos sanusis tenha conseguido, em meados do século, dominar os territórios da Cirenaica e de Fezã.

Nota: Selos postais Italianos no Império Turco – O primeiro selo de Benghazi foi emitido em 1901 (Scott: 1, SG: 169), com valor facial de 1 piastra sobre 25 centesimi (azul), remarcado em um selo italiano. O primeiro selo de Trípoli foi emitido em 1909 (Scott: 2, SG: 171), com valor facial de 1 centesimi (marrom), remarcado em um selo italiano.

Em 1911, sob o pretexto de defender seus colonos estabelecidos na Tripolitânia, a Itália declarou guerra à Turquia e invadiu a Líbia. A resistência dos sanusis dificultou a penetração do Exército italiano no interior, mas em 1914 todo o país estava ocupado.

Selos foram emitidos pela Líbia Italiana – Abaixo (lado esquerdo da tela), o primeiro selo emitido em 1912 (Scott: 2, SG: 2), com valor facial de 2 centesimi, foi remarcado com a sobrecarga “Libia” em selo da Itália. Também com sobrecarga “Libia” (lado direito), o selo com valor facial de 1 centesimi tem o número 1 do catálogo Scott, embora tenha sido emitido anos depois, em 1915.


Durante a Primeira Guerra Mundial, os líbios recuperaram o controle de quase todo o território, à exceção de alguns portos... A resistência ao domínio colonial, liderada pelo Rei Idris I, inicia-se após a I Guerra Mundial, mas só sai vitoriosa em 1943, com a expulsão dos italianos e de seus aliados alemães por tropas inglesas...

Terminada a I Guerra, os italianos empreenderam a reconquista do país e a colonização italiana definitiva acontece em 1934. Em 1939, a Líbia foi incorporada ao reino da Itália. A colonização não alterou a estrutura econômica do país, mas contribuiu para melhorar a infra-estrutura, como a rede de estradas e o fornecimento de água às cidades...



Durante a Segunda Guerra Mundial, o território líbio foi cenário de combates decisivos...

TOBRUK

Na madrugada de 10/04/1941, as colunas blindadas do Afrika Korps convergem sobre a fortaleza de Tobruk – último reduto que resta aos britânicos em território da Líbia.

Em rápida marcha, os alemães lograram reconquistar toda a Cirenaica, infligindo aos ingleses uma série ininterrupta de derrotas. Só restava conquistar Tobruk para que o caminho do Egito fosse totalmente desimpedido.

A resistência nessa praça de guerra tem uma importância vital, pois retardará a continuação do avanço alemão e permitirá reorganizar as forças dizimadas.

Tobruk (mapa abaixo), pequena localidade que em tempo de paz tinha só uma população de cerca de 4.000 habitantes, está construída sobre a costa deserta da Líbia, junto a uma ampla baía de águas profundas.

Era, portanto, um dos melhores portos naturais da costa norte-africana, o que lhe dava um imenso valor estratégico como centro de abastecimento.



Os italianos tinham convertido Tobruk, antes da guerra, em uma poderosa fortaleza, rodeando-a com um potente cinturão defensivo. Em torno do porto e de frente para o deserto, construíram uma cadeia de 170 redutos fortificados, de cimento armado, totalmente enterrados na areia.

Às vésperas da guerra, a cidade foi defendida por cerca de 25.000 soldados. Covas, buracos e pequenos túneis abrigam a guarnição britânica, que resiste ao assédio das forcas do Eixo.

Dentro do contingente de Tobruk houve, entre eles, uma divisão australiana, um esquadrão da Guarda de Dragões do Rei, um batalhão de Fuzileiros Reais de Northumberland, destacamentos da Real Armada, da RAF, dos regimentos de tanques, um esquadrão da Cavalaria hindu e uma brigada de infantaria polonesa.

Em 1944, Idris I volta do exílio e assume o controle formal do governo...

Findas as hostilidades, o país é dividido entre os aliados: o Reino Unido encarregou-se do governo da Cirenaica e da Tripolitânia, e a França passou a administrar Fezã (Fezzan).





Fezzan é uma cidade localizada no sudoeste do país. Seu primeiro selo data de 1943 (SG: 1. Valor facial: 50 centimes, violeta. Remarcado no selo italiano SG: 247).

Ainda em 1946, selos da Itália e da Líbia foram remarcados “Fezzan Occupation Français”.

Em 12/04/1949, foi ocupada pelas forças francesas e selos foram emitidos sob administração da França – primeiro: 1949 (Scott: 2N1. SG: 40. Valor facial: 1 franc, preto. Djerma). Em 24/12/1951, tornou-se parte da Líbia independente.


Ghadames é uma cidade da Líbia que foi ocupada pela França, tornando-se um território militar francês em 1949. O primeiro selo (abaixo, lado esquerdo da tela) data de 1949 (Scott: 3N1, SG: 1), com valor facial de 4 francos, ele mostra a Cruz de Agadem... mas parece que utilizou selos da Líbia remarcados...



Em 1951, proclamou-se a independência da Líbia. O Rei Idris I, da dinastia dos sanusis, ocupa a chefia do Estado. Selos são emitidos pela Líbia desde então...

Depois de sua admissão na Liga Árabe, em 1953, a Líbia firmou acordos para a implantação de bases estrangeiras em seu território. A influência econômica dos Estados Unidos e do Reino Unido, autorizados a manter tropas no país, tornou-se cada vez mais poderosa.

No entanto, a descoberta de jazidas de petróleo em 1959 muda a fisionomia do país e constituiu no fator decisivo para que o governo líbio exigisse a retirada das forças estrangeiras...

Em 1969, um golpe liderado pelo coronel Muammar al-Kadhafi depôs o rei e implantou uma república muçulmana militarizada e de organização socialista.

O coronel Kadhafi, chefe de estado a partir de 1970, instalou uma ditadura militar, expulsou os efetivos militares estrangeiros, nacionalizou as empresas estrangeiras, estatizou o petróleo e procurou desencadear uma revolução cultural, social e econômica que provocou graves tensões políticas com os Estados Unidos, Reino Unido e países árabes moderados (Egito, Sudão).

A tradição islâmica, o nacionalismo extremado e o personalismo de Kadafi tornam-se a ideologia de Estado. Da década de 1970 em diante, a Líbia apareceu frequentemente nos noticiários internacionais por causa das atitudes de seu chefe de estado, acusado de apoiar o terrorismo...

Apoiado pelo partido único, a União Socialista Árabe, Kadhafi interveio na política de outros países, como o Sudão e o Tchad. Em 1972, a Líbia e o Egito uniram-se em uma Confederação de Repúblicas Árabes que se dissolveu em 1979.

O bloco emitido em 1975 mostra Muammar Al Khadafi no selo e o Escudo Nacional dos dois países, Líbia e Egito (Yvert: B18)...


Em nome do apoio à causa palestina, o governo patrocina ações terroristas no Oriente Médio e na Europa. A rejeição a Israel, as manifestações anti-americanas e a aproximação com a União Soviética, por parte da Líbia, geraram sérios conflitos na década de 1980.

As relações com os EUA ficam tensas: Washington rompe relações, impõe sanções econômicas e congela os capitais da Líbia em território norte-americano.

As acusações de que o governo líbio patrocinava ou estimulava o terrorismo internacional desencadearam, em abril de 1986, um ataque da aviação americana a vários alvos militares, em que morrem 130 pessoas.

Os EUA bombardeiam Trípoli e Benghazi, sob pretexto de destruir campos de treinamento terrorista. Kadhafi, que perdeu uma filha adotiva quando sua casa foi atingida, manteve-se como chefe político, mas sua imagem internacional deteriorou-se rapidamente.

Uma crise internacional esboça-se em 1991, com as investigações sobre o atentado a bomba que explodiu um jato da Pan American em Lockerbie, na Escócia, em dezembro de 1988, matando 270 pessoas. Elas apontam dois líbios como supostos responsáveis.

EUA e Reino Unido exigem de Kadafi a extradição dos suspeitos. Diante da recusa, severas sanções econômicas são impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, em 1992, entre elas o embargo aéreo, diplomático e do comércio de armas com a Líbia...

Pressionado pelas medidas punitivas internacionais, Kadafi toma algumas medidas buscando aliviar a tensão com o Ocidente. Dá início a privatizações e abre a economia ao capital estrangeiro. Para combater o terrorismo, reage ao fundamentalismo islâmico: em 1993 rompe com o Irã, que apoia grupos extremistas.

Em abril de 1995, Kadafi desafia o embargo aéreo ao enviar peregrinos à cidade sagrada de Meca em aviões comerciais líbios. A ONU permite o transporte dos fiéis em aeronaves egípcias. Em setembro, Kadafi anuncia a expulsão de 30 mil palestinos, mas só 1,5 mil são oficialmente deportados até a suspensão da medida, em outubro.

Em janeiro de 1996, os EUA anunciam sanções mais severas ao país, penalizando empresas que invistam mais de US$ 40 milhões na indústria petrolífera líbia. Em março, Kadafi nega que esteja construindo uma fábrica subterrânea de armas químicas – como denuncia a imprensa norte-americana –, afirmando que se trata de um sistema de irrigação.

Em agosto, ação violenta do Exército contra grupos islâmicos dissidentes leva à morte 150 rebeldes. Em janeiro de 1997, seis oficiais do Exército e dois civis são executados, sob acusação de espionagem...

O Vaticano estabelece relações diplomáticas com a Líbia em 1997. Em abril entra em vigor a Convenção para a Proibição das Armas Químicas, ratificada por 75 países – mas não pela Líbia. Em maio, Kadafi viola de novo o embargo aéreo da ONU e visita Níger e Nigéria para participar da celebração islâmica do Ano-Novo lunar.

Musbah Abulgasen Eter, ex-agente do serviço secreto líbio, é preso na Itália em agosto, acusado de atentado a bomba em 1986 numa discoteca de Berlim, em que três pessoas morreram e 260 ficaram feridas.

Os países da Liga Árabe rompem o embargo aéreo contra a Líbia em setembro de 1997. Em maio de 1998, Kadafi sobrevive a um atentado, planejado pelo grupo extremista Movimento dos Mártires Islâmicos.

Em agosto, os governos americano e britânico recuam em sua exigência de que os acusados líbios sejam julgados no Reino Unido ou nos EUA e aceitam a proposta da ONU de julgamento dos terroristas por um tribunal escocês em Haia, na Holanda (Países Baixos) – onde fica a Corte Internacional de Justiça, órgão da ONU.

Mas Kadafi, que sempre reivindicou a extradição dos terroristas para um país neutro, rejeita a possibilidade...


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